Lee Hadwin, inglês, é conhecido por desenhar enquanto dorme, mas é a
primeira pessoa conhecida a produzir arte nestes termos. Curiosamente, a
arte nunca lhe interessou, até ter descoberto o seu talento. Mesmo
assim, não consegue produzir arte senão a dormir. Um fenómeno sem
paralelo que ainda não tem uma explicação clara. Mas se a arte segue um
rumo, qual será, então, o sentido desta arte?
Aos 4 anos, a mãe de Hadwin apanhava-o fazendo desenhos enquanto dormia, com carvão, porosas e lápis, o que estivesse à mão. Era o início que, embora básico (de acordo com a idade), ficava expresso nas paredes da sua casa. Mais tarde, seria em mesas, roupas e jornais usados. Por volta dos seus 20 anos, os seus “trabalhos noturnos” passaram a ganhar maior detalhe e profundidade. Hadwin deitava-se, nessa altura, com material de desenho ao lado, na esperança de acordar com mais trabalhos feitos.
O “artista do sono”, como é conhecido, nasceu em 1974, é de North Wales, Grã-Bretanha, e é enfermeiro. Gosta de ver filmes, viajar pelo mundo e divertir-se. Também se interessa pelo cosmos espacial, pelo universo, em geral, e pelas matérias de ordem espiritual. Apoia ações de caridade como as da organização social “Missing People”.
Nunca se interessou por arte nem desenvolveu essa feição, não tem um talento artístico particular e nunca conseguiu reproduzir alguma obra acordado. Apesar de ser um caso curioso, para o director do “Sleep Center”, de Edimburgo, “as pessoas fazem coisas esttranhas enquanto dormem”. Alguns fazem sexo enquanto dormem, comem durante a noite sem acordarem e até conduzem veículos. Alguns dos terapeutas interessados explicam este fenomeno como sendo um sinal de um trauma mental. Sabe-se que Hadwin perdeu 5 pessoas próximas em idade precoce, mas nada mais ficou provado.
Lee Hadwin intitula-se de “sleep artist” na sua página do facebook e no seu site.
Até o próximo post...
Trabalhamos com Educação Ambiental com arte e criatividade, desenvolvemos projetos, palestras, cursos, oficinas, eventos e ações socioeducativas para empresas, escolas e comunidades.
terça-feira, 26 de março de 2013
segunda-feira, 25 de março de 2013
Falando de arte...
Neste domingo, dia 24 de março de 2013, saiu no jornal Comércio da Franca uma entrevista com os direcionamentos de nossa querida amiga e conselheira do Artiloka para a cultura de Franca. Ela que assumiu em janeiro o cargo de Diretora de Arte e Cultura da Prefeitura Municipal de Franca. Veja a entrevista completa no link: http://www.gcn.net.br/jornal/index.php?codigo=205480&codigo_categoria=21
O reconhecimento vem com o tempo, após muita dedicação e esforço e com toda certeza a Karina é merecedora deste momento ascendente em sua vida profissional. Como pessoa também é muito respeitosa e humana com todos, um sorriso ambulante, sempre buscando ajudar a todos.
Atualmente sou o novo coordenador do Núcleo Artiloka, entrei para dar continuidade a este projeto idealizado pela amiga, professora, artista e empresária Karina Gera que neste momento assumiu um desafio maior. Minha opinião sobre a Karina é tendenciosa, mas mesmo assim quero expressar meu sentimento sincero: ela é sangue novo na arte e cultura da cidade e com certeza ela fará a diferença, porque ela tem garra e nunca vi desistir de nada. Quando algo parece impossível ela aceita como desafio e continua com sua serenidade. Em tempos passados quando dividíamos os pincéis alí na Praça em frente onde ainda é a FEAC, um simples espaço no meio de outros artistas, ouvi inúmeras pessoas que, hoje a cultua dizendo que ela não devia estar ali, eu sempre soube que não só devia estar, como tinha chegado para ficar.
O reconhecimento vem com o tempo, após muita dedicação e esforço e com toda certeza a Karina é merecedora deste momento ascendente em sua vida profissional. Como pessoa também é muito respeitosa e humana com todos, um sorriso ambulante, sempre buscando ajudar a todos.
Atualmente sou o novo coordenador do Núcleo Artiloka, entrei para dar continuidade a este projeto idealizado pela amiga, professora, artista e empresária Karina Gera que neste momento assumiu um desafio maior. Minha opinião sobre a Karina é tendenciosa, mas mesmo assim quero expressar meu sentimento sincero: ela é sangue novo na arte e cultura da cidade e com certeza ela fará a diferença, porque ela tem garra e nunca vi desistir de nada. Quando algo parece impossível ela aceita como desafio e continua com sua serenidade. Em tempos passados quando dividíamos os pincéis alí na Praça em frente onde ainda é a FEAC, um simples espaço no meio de outros artistas, ouvi inúmeras pessoas que, hoje a cultua dizendo que ela não devia estar ali, eu sempre soube que não só devia estar, como tinha chegado para ficar.
Sim, tudo que se escrevi sobre ela é verdade, porém é apenas
uma pequena parte, poderia acrescentar muito, de tudo uma coisa é certa, essa
nossa Diretora Cultural é, sem a menor dúvida, a pessoa mais indicada para estar
á frente desta pasta, pois enfrentou na própria carreira a perseguição de
pseudos artistas e soube valorizar a arte pelo que ela é, uma forma de
expressão, sem discursos inflamados e nem saudosismos descomedidos. É com muito orgulho que sigo sendo o seu admirador e amigo de sempre, meus parabéns, como artista plastico e como cidadão, meu muito obrigado. Estamos com você!
Por : Gêmacedo
Por : Gêmacedo
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Diretora da FEAC,
Diretora de Arte,
Diretora de Arte e Cultura,
Diretora de Franca,
Karina Gera,
Karina Spineli Gera,
Pinacoteca de Franca,
Prefeitura de Franca
sexta-feira, 22 de março de 2013
A NUDEZ COMUM POR MATT BLUM
“Um corpo nu na frente do espelho. Aquelas dobrinhas adoráveis, a celulite saltando aos olhos e pintas espalhadas em toda sua extensão. Sem maquiagem, nem truques, ali, exposta, pronta para mostrar toda sua beleza natural.” Esse poderia certamente ser o pensamento de uma mulher prestes a ser fotografada por Matt Blum, o fotógrafo da nudez comum. Conheça agora um pouco desse trabalho que faz bem aos olhos mas, principalmente, nos faz valorizar o corpo que temos como ele realmente é.
© Matt Blum "The Nu Project".
Amar o próprio corpo não tem sido uma tarefa muito fácil atualmente. A cada dia que passa, a artificialidade tem sido mais valorizada, e o que vemos são mulheres de plástico, sambando orgulhosamente com seus silicones em nossa cara. Isso não é necessariamente uma crítica - cada um faz suas escolhas e se ter um corpinho esculpido à base de cirurgias plásticas é sinônimo de felicidade para alguém, não há o que dizer. Mas é fato que a beleza natural anda realmente desvalorizada. Não há como negar.
Em tempos em que os padrões de beleza se tornaram tão artificiais, é sempre reconfortante saber que ainda existem pessoas que valorizam e enaltecem um corpo comum. Sim, com suas celulites e gordurinhas localizadas, uma bunda mais reta ou seios pequenos. Reconhecendo o potencial de beleza natural das mulheres.
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
Com esse conceito de valorização do belo natural, Matt Blum começou em 2005, na cidade de Minneapolis, a série The Nu Project. O fotógrafo usa suas lentes para clicar mulheres em momentos cotidianos, sem poses forçadas, maquiagem, efeitos ou glamour. A ideia é mostrar o nu artístico de mulheres comuns. Sem distinção de raça, idade ou classe social, o fotógrafo recruta as modelos através de seu site e faz o trabalho de forma gratuita. O site já conta com três galerias entre cidades da América do Norte e América do Sul - entre elas, São Paulo - e Matt tem a pretensão de lançar um livro com suas fotografias.
O fotógrafo pretende voltar ao Brasil ainda em 2012 e fotografar novamente em São Paulo, além do Rio de Janeiro, Manaus e outra cidade que poderá ser escolhida de acordo com o número de interessadas.
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
Matt Blum é casado com a também fotógrafa Katy Kessler e os dois viajam o mundo fotografando casamentos, batizados e sessões diversas, além de fazerem nu artístico, obviamente.
Imagens gentilmente cedidas pelo fotógrafo.
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
© Matt Blum "The Nu Project".
Leia mais:The Nu Project
terça-feira, 19 de março de 2013
A MODA EM AGUARELAS
Através de um estilo que mistura o estilizado com o texturado, Stina traz-nos a moda a partir de elementos quase abstratos, manchas de cor que iluminam o fundo branco, misturando-se e vagueando pelo papel até formar belas representações femininas e masculinas. O abstrato da mancha torna-se então figurativo, detalhado até, familiarizados que estamos com imagens relacionadas com a moda. As poses a que nos acostumaram estão lá, desde as posições dos corpos, aos olhares mais provocantes ou distantes e às bocas que raramente sorriem, como se o seu sorriso pudesse de alguma forma ofuscar a beleza dos trajes. Stina justifica a ausência do sorriso pela impossibilidade de representá-lo em toda a sua plenitude e autenticidade, preferindo destacar os olhos enquanto elemento comunicante.
Trabalho não tem faltado, com clientes tão variados como Absolut Vodka, Nike e Godiva Chocolatier - porque a moda realmente não é só uma questão de roupa.
Conheça mais sobre o trabalho de Stina Persson no seu portefólio online.
© Stina Person, "Big Beads".
© Stina Person, "Cheek".
© Stina Person, "Patterned Tunic".
© Stina Person, "Rorschach Couple".
© Stina Person, "Mango".
© Stina Person, "Pop Peony".
segunda-feira, 18 de março de 2013
CAROL BELMONDO, a sutileza em forma de traços.
© Carol Belmondo, da série "Fora de Hora" (nanquim), 2011.
A artista busca, no meu entender, aplicar sua sutileza de traços para que em suas obras (quase todas de figuras humanas) transpareçam não fisionomias e contornos bem definidos, mas sobretudo seus temperamentos. E cabe destacar, além do mais, que o temperamento mais frequente e aprofundado por Carol Belmondo em seus trabalhos é a melancolia. Não creio que seja algo fácil explicitar a melancolia por meios de traços e cores, mas é certo que cada tom, cada forma procurada por Belmondo exprime, a princípio, este temperamento. E, mesmo tendo tão pouca idade, é perceptível a coerência estética que lhe surge de obra em obra, e o quanto há de apuro naquilo que a artista acredita ser o seu núcleo temático.
Na obra de Belmondo, aqui exposta em parte, e integralmente encontrada em seu site, vemos a abundância de personagens solitários, pensativos, vivendo seus dramas de forma silenciosa e interna. Às vezes basta um pequeno detalhe em suas ilustrações, um sutil traço para que estes estados solitários da alma brotem naqueles que se confrontam com seus trabalhos.
© Carol Belmondo, "Resquícios" (aquarela e caneta esferográfica), 2010.
Carol Belmondo é natural de Feira de Santana, Bahia. Estudou Artes Plásticas na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, onde, aliás, já participou de exposições e mostras coletivas. Teve seu trabalho exposto também em cidades do interior baiano, como Feira de Santana e Serrinha. Teve trabalhos publicados na Antologia Rabiscos, volume organizado por Marcio Junqueira, Marcelo Oliveira e Patricia Martins, que trouxe trabalhos de sete jovens artistas baianos numa publicação que foi contemplada com edital do Fundo Cultural do Estado da Bahia (Funceb).
Carol Belmondo faz parte de uma promissora geração de artistas mulheres da cidade de Feira de Santana, em que se destacam também nomes como Maria Dolores, Tâmara Lyra, e Patrícia Martins, bem como outros nomes que agora me escapam. Pesquisem, procurem, achem, compartilhem, pois é equivocado dizer, sem conhecer, que na cidade de Feira de Santana, Bahia, só há comércio e fluxo rodoviário. Carol Belmondo prova que não.
© Carol Belmondo, da série "Elza" (nanquim), 2012.
© Carol Belmondo, da série "Por trás da Lua", 2012.
© Carol Belmondo, "Ruínas", (metal e aquarela), 2011.
sexta-feira, 15 de março de 2013
A REVOLUÇÃO DE DAVID A DELACROIX
A França revolucionária teve diversos filhos. Escritores, poetas e pintores, se inspiraram nos ideais, e atrocidades, dos dias de lutas que permearam o fim do século XVIII e começo do XIX. Desses tempos, apenas dois pintores transformaram a revolução do sangue em uma revolução nas artes. De David a Delacroix, a arte francesa nunca mais foi a mesma.
© Jacques-Louis David, "A Morte de Sócrates", 1787.
Jacques-Louis David (1748-1825) e Ferdinand Victor Eugène Delacroix (1798-1863) são dois dos principais artistas que a França já legou ao mundo. Cinquenta anos separam os dois pintores, que marcaram o modo como lemos as revoluções pelas quais o país passou em um curto período de tempo. E principalmente, como seria a arte francesa a partir da obra deles.
O jovem David logo interessou-se por arte. Apesar da influência do estilo rococó, em voga na França, acabou estudando pintura classicista. Posteriormente, entrou para Academia de Roma – renomada escola de artes – onde debruçou-se nos estudos de anatomia das esculturas do período clássico, em Rafael Sanzio e na cor e da luz de Caravaggio.
© Jacques-Louis David, "As Sabinas", 1799.
Retorna a Paris, com status de gênio, e inicia suas primeiras obras-primas de estética neoclássica, estilo com base no Iluminismo e que cultua os padrões da antiguidade clássica grega, de alto teor moralizante. Mais do que mudanças estéticas, David estabeleceu um diálogo entre o real e o ideal. Simpatizante da Revolução, dos ideais republicanos e amigo de Robespierre, David, tornou-se o pintor dos novos tempos que se pretendia para a França.
© Jacques-Louis David, "Leônidas nas Termópilas", 1814.
Em Marat Assassinado em 1793, Davi criou a obra prima da Revolução Francesa (1789-1799). Sob o fundo escuro, em uma banheira coberta por tecidos jaz o corpo de Marat. Pendido para direita de sua mão direita, a pena que tantas vezes foi uma arma e na mão esquerda o bilhete que viera da assassina: “13 de julho de 1793 – Marie Anne Charlotte Corday ao cidadão Marat – é suficiente que eu seja bem infeliz por ter direito a sua simpatia”.
© Jacques-Luois David, "A Morte de Marat", 1793.
A composição trás uma série de presenças testemunhais e significativas na obra, mas sem a estrutura narrativa. David, não narra a história do assassinato. Marat já está morto. Toda a agonia da morte e a traição da jovem não são elementos explícitos. A faca caída e o bilhete são os elementos da existência da assassina. A ferida no corpo de Marat, por onde ainda escorre pequenas gotas de sangue e sua cabeça com os olhos fechados e a boca entreaberta pendida para direita assim como seu braço são os sinais da violência.
© Jacques-Louis David, "O juramento dos Horácios", 1784.
Uma cena de simples elementos, os detalhes são ínfimos. O fundo vazio escuro, inspiração tirada dos estudos no mestre italiano Caravaggio, assim como o jogo de claro e escuro. O corpo de Marat possui elementos escultóricos gregos no que se refere aos músculos e tendões tão bem delineados e perfeitos resultado de sua observação e seus estudos de arte da antiguidade. David constrói uma alegoria moral enxuta e rigorosa para os revolucionários.
© Jacques-Louis David, "Andrômeda lamentando Heitor", 1783.
Apesar de ser concebido como um retrato, a obra transcende a ideia de representação, e entra para os domínios da universalidade da arte. O radical Marat, sob o pincel de David, tornou-se um ícone quase religioso para os novos tempos da França.
© Jacques-Louis David, "Os litores trazendo a Brutus os corpos de seus filhos", 1789.
Delacroix também nasceu em uma família de posses e no seio da república francesa. Estudou artes nas melhores escolas, frequentou o Louvre, recém-transformado em museu pela Revolução Francesa e como David, foi amante das obras de Sanzio.
© Eugène Delacroix, "A tomada de Constantinopla pelos cruzados", 1840.
Suas primeiras obras giravam sobre temas históricos e um pouco exóticos, e com romântica. Entre suas influências estavam Rubens, Veronese, Turner e Géricault. Com eles, Delacroix, desenvolveu sua concepção expressividade através da cor. O que resultou em composições caóticas e cheias de dramaticidade, que não eram vista com bons olhos pela sociedade e ia contra a estética da Academia.
© Eugène Delacroix, "A barca de Dante", 1822.
Como David, Delacroix, viveu na França em período decisivo. A sua revolução foi de 1830, que colocava um fim na Restauração. Apesar de nunca ter se envolvido tão diretamente na politica francesa, sua obra prima proveem desses tempos: A Liberdade Guiando o Povo, de 1830.
© Eugène Delacroix, "Mulheres de Argel", 1834.
Delacroix não constrói um discurso moral em sua representação, não há criação de heróis ou mártires. É uma pintura de entusiasmo com o acontecimento. Ligado ao movimento colorista e o artista concebe a pintura uma visualidade dinâmica. Sua composição se pauta pelo uso das cores quentes e vivas, requintada, repleta de detalhes e elementos que possuem um caráter solto na pintura e intensificam o caos revolucionário.
© Eugène Delacroix, "A Liberdade Guiando o Povo", 1830.
Tudo possui uma medida exata e um lugar certo. Mesmo com o desprendimento dos traços a pintura de Delacroix é pensada. A figura central que segura a bandeira, A Liberdade, mesmo possuindo caráter alegórico é um misto de realismo e retórica. Vestida com as roupas do povo e conclamando-os para a luta. Diversos são os indivíduos que compõem a cena: vivo e mortos, plebeus e intelectuais, jovens e velhos. A composição de Delacroix unifica esses elementos turbulentos na tela. A obra é viva com toda a sua movimentação e elementos dispostos esquematicamente.
© Eugène Delacroix, "O Massacre de Quios", 1824.
Hoje, tanto Marat assassinado quanto a A Liberdade Guiando o Povo, fazem parte do repertório de todos: seja como inspiração estilística, documento histórico ou objetos de consumo. David e Delacroix deram eternidade as Revoluções de suas vidas.
Leia mais:Delacroix
© Jacques-Louis David, "A Morte de Sócrates", 1787.
Jacques-Louis David (1748-1825) e Ferdinand Victor Eugène Delacroix (1798-1863) são dois dos principais artistas que a França já legou ao mundo. Cinquenta anos separam os dois pintores, que marcaram o modo como lemos as revoluções pelas quais o país passou em um curto período de tempo. E principalmente, como seria a arte francesa a partir da obra deles.
O jovem David logo interessou-se por arte. Apesar da influência do estilo rococó, em voga na França, acabou estudando pintura classicista. Posteriormente, entrou para Academia de Roma – renomada escola de artes – onde debruçou-se nos estudos de anatomia das esculturas do período clássico, em Rafael Sanzio e na cor e da luz de Caravaggio.
© Jacques-Louis David, "As Sabinas", 1799.
Retorna a Paris, com status de gênio, e inicia suas primeiras obras-primas de estética neoclássica, estilo com base no Iluminismo e que cultua os padrões da antiguidade clássica grega, de alto teor moralizante. Mais do que mudanças estéticas, David estabeleceu um diálogo entre o real e o ideal. Simpatizante da Revolução, dos ideais republicanos e amigo de Robespierre, David, tornou-se o pintor dos novos tempos que se pretendia para a França.
© Jacques-Louis David, "Leônidas nas Termópilas", 1814.
Em Marat Assassinado em 1793, Davi criou a obra prima da Revolução Francesa (1789-1799). Sob o fundo escuro, em uma banheira coberta por tecidos jaz o corpo de Marat. Pendido para direita de sua mão direita, a pena que tantas vezes foi uma arma e na mão esquerda o bilhete que viera da assassina: “13 de julho de 1793 – Marie Anne Charlotte Corday ao cidadão Marat – é suficiente que eu seja bem infeliz por ter direito a sua simpatia”.
© Jacques-Luois David, "A Morte de Marat", 1793.
A composição trás uma série de presenças testemunhais e significativas na obra, mas sem a estrutura narrativa. David, não narra a história do assassinato. Marat já está morto. Toda a agonia da morte e a traição da jovem não são elementos explícitos. A faca caída e o bilhete são os elementos da existência da assassina. A ferida no corpo de Marat, por onde ainda escorre pequenas gotas de sangue e sua cabeça com os olhos fechados e a boca entreaberta pendida para direita assim como seu braço são os sinais da violência.
© Jacques-Louis David, "O juramento dos Horácios", 1784.
Uma cena de simples elementos, os detalhes são ínfimos. O fundo vazio escuro, inspiração tirada dos estudos no mestre italiano Caravaggio, assim como o jogo de claro e escuro. O corpo de Marat possui elementos escultóricos gregos no que se refere aos músculos e tendões tão bem delineados e perfeitos resultado de sua observação e seus estudos de arte da antiguidade. David constrói uma alegoria moral enxuta e rigorosa para os revolucionários.
© Jacques-Louis David, "Andrômeda lamentando Heitor", 1783.
Apesar de ser concebido como um retrato, a obra transcende a ideia de representação, e entra para os domínios da universalidade da arte. O radical Marat, sob o pincel de David, tornou-se um ícone quase religioso para os novos tempos da França.
© Jacques-Louis David, "Os litores trazendo a Brutus os corpos de seus filhos", 1789.
Delacroix também nasceu em uma família de posses e no seio da república francesa. Estudou artes nas melhores escolas, frequentou o Louvre, recém-transformado em museu pela Revolução Francesa e como David, foi amante das obras de Sanzio.
© Eugène Delacroix, "A tomada de Constantinopla pelos cruzados", 1840.
Suas primeiras obras giravam sobre temas históricos e um pouco exóticos, e com romântica. Entre suas influências estavam Rubens, Veronese, Turner e Géricault. Com eles, Delacroix, desenvolveu sua concepção expressividade através da cor. O que resultou em composições caóticas e cheias de dramaticidade, que não eram vista com bons olhos pela sociedade e ia contra a estética da Academia.
© Eugène Delacroix, "A barca de Dante", 1822.
Como David, Delacroix, viveu na França em período decisivo. A sua revolução foi de 1830, que colocava um fim na Restauração. Apesar de nunca ter se envolvido tão diretamente na politica francesa, sua obra prima proveem desses tempos: A Liberdade Guiando o Povo, de 1830.
© Eugène Delacroix, "Mulheres de Argel", 1834.
Delacroix não constrói um discurso moral em sua representação, não há criação de heróis ou mártires. É uma pintura de entusiasmo com o acontecimento. Ligado ao movimento colorista e o artista concebe a pintura uma visualidade dinâmica. Sua composição se pauta pelo uso das cores quentes e vivas, requintada, repleta de detalhes e elementos que possuem um caráter solto na pintura e intensificam o caos revolucionário.
© Eugène Delacroix, "A Liberdade Guiando o Povo", 1830.
Tudo possui uma medida exata e um lugar certo. Mesmo com o desprendimento dos traços a pintura de Delacroix é pensada. A figura central que segura a bandeira, A Liberdade, mesmo possuindo caráter alegórico é um misto de realismo e retórica. Vestida com as roupas do povo e conclamando-os para a luta. Diversos são os indivíduos que compõem a cena: vivo e mortos, plebeus e intelectuais, jovens e velhos. A composição de Delacroix unifica esses elementos turbulentos na tela. A obra é viva com toda a sua movimentação e elementos dispostos esquematicamente.
© Eugène Delacroix, "O Massacre de Quios", 1824.
Hoje, tanto Marat assassinado quanto a A Liberdade Guiando o Povo, fazem parte do repertório de todos: seja como inspiração estilística, documento histórico ou objetos de consumo. David e Delacroix deram eternidade as Revoluções de suas vidas.
Leia mais:Delacroix
quinta-feira, 14 de março de 2013
OS MURAIS DE ERNEST ZACHAREVIC
Os desenhos em sintonia com os objetos das ruas tornam a street art de Zachas, como o próprio artista assina suas obras, uma brincadeira com as banalidades e com a falta de um olhares mais atentos para o espaço que nos circunda. A arte não tem espaço para surgir e a criatividade nasce do desejo de transformar.
© Ernest Zacharevic, "Children in a boat".
As grandes cidades do mundo não param para olhar para os lados. Estamos todos focados, aprisionados pelo relógio, pelo depois. A street art sempre provocou os olhares em lugares inesperados, como que dizendo: se você não vai até à arte, a arte virá até você. Com intervenções urbanas do tipo que se apropria do espaço comum para fazer arte, Ernest Zacharevic deixou seus murais espalhados pela Malásia.
Alguns murais foram inspirados por fotografias, como é o caso de "Children in a Boat", outros podem ser mais abstratos, como "Broken Heart", estimulando nossa inquietação: dois telefones públicos pintados com um coração partido. Será a cabine telefônica um símbolo de solidão e do enclausuramento no meio da cidade, o local onde se pode receber as piores notícias?
© Ernest Zacharevic, "Children in a boat" (fotografia original).
© Ernest Zacharevic, "Children in a boat", materializando a obra.
© Ernest Zacharevic, "Broken Heart".
Esta intervenção em George Town, Penang, é feita de uma forma criativa que cativa ainda mais: o artista parte dos próprios objetos que já estão lá, como janelas, telefones públicos ou bicicletas, para fazer de seus desenhos meio arte, meio reais, a eterna brincadeira de descobrir o que é arte e o que é realidade.
O encontro do urbano com o artista revela o olhar diferenciado sobre o espaço comum de todos. Ernest não se apropria de sua arte, não expõe - ele opta pelo caráter irônico, imprevisível, casual da street art. Utilizando-se do espaço a seu prazer, ele brinca com o que já estava lá, apenas modificando a compreensão. Ilusão, ironia, criatividade. A street art dos murais de Zacharevic na Malásia é impressionante pela amplitude, tanto em dimensão quanto em arrebatamento. A partir de agora é melhor começar a olhar para os lados, para o inusitado, para o cotidiano - a arte pode surpreender na próxima esquina.
© Ernest Zacharevic, a fotografia do "antes" da porta.
© Ernest Zacharevic, colocar a mota na posição.
© Ernest Zacharevic, "Boy on a bike".
© Ernest Zacharevic a trabalhar.
© Ernest Zacharevic a trabalhar.
© Ernest Zacharevic, "Little children on a bicycle.
© Ernest Zacharevic, "Little girl in blue".
© Ernest Zacharevic, "Reaching up".
© Ernest Zacharevic, "Reaching up" à noite.
Até a proxima Arteiros!
© Ernest Zacharevic, "Children in a boat".
As grandes cidades do mundo não param para olhar para os lados. Estamos todos focados, aprisionados pelo relógio, pelo depois. A street art sempre provocou os olhares em lugares inesperados, como que dizendo: se você não vai até à arte, a arte virá até você. Com intervenções urbanas do tipo que se apropria do espaço comum para fazer arte, Ernest Zacharevic deixou seus murais espalhados pela Malásia.
Alguns murais foram inspirados por fotografias, como é o caso de "Children in a Boat", outros podem ser mais abstratos, como "Broken Heart", estimulando nossa inquietação: dois telefones públicos pintados com um coração partido. Será a cabine telefônica um símbolo de solidão e do enclausuramento no meio da cidade, o local onde se pode receber as piores notícias?
© Ernest Zacharevic, "Children in a boat" (fotografia original).
© Ernest Zacharevic, "Children in a boat", materializando a obra.
© Ernest Zacharevic, "Broken Heart".
Esta intervenção em George Town, Penang, é feita de uma forma criativa que cativa ainda mais: o artista parte dos próprios objetos que já estão lá, como janelas, telefones públicos ou bicicletas, para fazer de seus desenhos meio arte, meio reais, a eterna brincadeira de descobrir o que é arte e o que é realidade.
O encontro do urbano com o artista revela o olhar diferenciado sobre o espaço comum de todos. Ernest não se apropria de sua arte, não expõe - ele opta pelo caráter irônico, imprevisível, casual da street art. Utilizando-se do espaço a seu prazer, ele brinca com o que já estava lá, apenas modificando a compreensão. Ilusão, ironia, criatividade. A street art dos murais de Zacharevic na Malásia é impressionante pela amplitude, tanto em dimensão quanto em arrebatamento. A partir de agora é melhor começar a olhar para os lados, para o inusitado, para o cotidiano - a arte pode surpreender na próxima esquina.
© Ernest Zacharevic, a fotografia do "antes" da porta.
© Ernest Zacharevic, colocar a mota na posição.
© Ernest Zacharevic, "Boy on a bike".
© Ernest Zacharevic a trabalhar.
© Ernest Zacharevic a trabalhar.
© Ernest Zacharevic, "Little children on a bicycle.
© Ernest Zacharevic, "Little girl in blue".
© Ernest Zacharevic, "Reaching up".
© Ernest Zacharevic, "Reaching up" à noite.
Até a proxima Arteiros!
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